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RELATÓRIO DE PROGRESSO – 1 MÊS

Faz exatamente um mês que estou escrevendo meu novo romance (Rosinha). Comecei pela contextualização da época, do local, da situação social e econômica; apresentei o casal principal e o relacionamento entre eles; também já inseri o mot da história: ele quer ir trabalhar em São Paulo para melhorar de vida. Acho que fiz de um jeito interessante, partindo do contexto mais abrangente até chegar ao problema pessoal da personagem principal.
 
Comecei a narração na década de 1870, apresentei as personagens em 1913 e estou chegando a 1915, quando há o primeiro ponto de virada importante na história. Há dois aspectos a comentar aqui. O primeiro é o estilo cinematográfico da introdução, como se uma câmera estivesse longe e viesse se aproximando, enquanto o tempo passa, para focar no meu casal, conversando à sombra de uma árvore. O segundo aspecto é essa questão do Ponto de Virada. Ano passado, encontrei na Internet um texto explicando como um romance deve ser estruturado, numa espécie de “fórmula dos Best Sellers”. Segundo esse texto, uma história deve ter cinco pontos de virada; o primeiro deve acontecer a 10% do desenvolvimento do texto e o segundo a 25%. Ora, por mais que eu tenha toda a estrutura elaborada antes de começar a escrever – e essa história em particular tenha mesmo cinco pontos de virada previstos – eu não sei se o primeiro ficou em 10% e se o segundo vai cair em 25%. E depois que eu coloco os pontos de virada nos lugares deles, eu não posso ficar movendo “mais pra lá” ou “mais pra cá”, para que fiquem na posição “ideal”. É por isso que eu não gosto de fórmulas prontas, e minhas histórias não serão amoldadas por força a nenhuma estrutura pré-estabelecida que alguém (o mercado? os críticos?) decidiu que é a melhor. Fazer sucesso renunciando ao meu estilo e aos meus procedimentos é algo que não está nos meus planos. Mas não quero entrar em detalhes quanto às imposições do mercado editorial. Melhor falar da minha história.
 
Já percebi que não fiz descrições. Minhas personagens são tão comuns que eu esqueço que preciso dizer isso em algum lugar. Pelo menos já identifiquei a falha, e encontrei os pontos em que vou inserir as descrições, então vou resolver logo isso, para não ficar devendo para a hora da revisão.
 
Então estamos chegando a 1915, o primeiro ponto de tensão, quando Toni terá que decidir entre enfrentar a família e afastar-se de seu amor para viver seu sonho e tentar mudar seu destino; ou aceitar seu destino, renunciando a seu sonho, para ficar em paz com sua família e junto de seu amor. Será que ele vai escolher a dificuldade ou a tranquilidade?