Considero que é a história mais “água com açúcar” que eu tenho. A trama é simples, e baseia-se num mal-entendido (veja a sinopse aqui).
A primeira pergunta foi: onde vou situar essa história? Em que tempo e lugar isso pode acontecer naturalmente? Eu poderia pesquisar culturas atuais “exóticas”, em que o casamento arranjado pelos pais é uma prática comum, ou podia simplesmente recuar no tempo, quando o mundo ocidental também tinha essa prática. De qualquer forma, teria que pesquisar e estaria fora do aqui e agora. Como eu estava escrevendo Construir a terra, conquistar a vida, que se passa no Rio de Janeiro do século XVI – então eu já estava pesquisando esse ambiente, achei essa alternativa mais prática, e resolvi situar a história no Rio de Janeiro, durante o reinado de D. Henrique, entre a morte de D. Sebastião e a União das Coroas Ibéricas.
Assim, Maria Assunción Hernandez é uma espanhola, filha de portugueses, que vem para o Brasil casar-se com Henrique Carvalho, um português rico que vive e trabalha no Rio de Janeiro. Toda a história acontece em uma semana, no mesmo lugar: a fazenda de Henrique, exceto a primeira e a última cena, que acontecem na cidade. São poucas personagens: além do triângulo principal, mais 4 personagens participam da história, e há uns outros que são apenas citados – irmãos e pais do casal principal. Considero que misturei elementos de conto e romance, pois as personagens principais são mais desenvolvidas do que no conto e a trama, embora linear (elemento do conto), é mais elaborada (elemento do romance), ao mesmo tempo que há unidade espacial e temporal (elementos do conto).
Usei essa forma mista também em À procura (conto) e Vingança. Gosto dela porque é simples como um conto mas me deixa espaço para desenvolver as personagens e me estender em número de páginas. Em geral, não me preocupo com forma, mas gosto quando a história que eu quero contar cabe nesse formato. Alguns dizem que é novela, mas não me preocupo com essas classificações.