Achei interessante a discussão na comunidade Escritores – Teoria literária do Orkut sobre como se livrar dos bloqueios. Um colega sugeriu “escrever sobre o bloqueio” e eu considerei que era um bom tema para um texto.
Em primeiro lugar, acho bom dizer que entendo por bloqueio um momento em que o criador quer prosseguir em sua obra mas não sabe como. Pode ser não saber como continuar ou simplesmente não saber como começar. As soluções que eu posso sugerir para cada caso são: 1) como continuar – releia o que vem antes para retomar o fio da meada e o pensamento que o (a) levou até ali. 2) como começar – comece de qualquer jeito, para revisar depois, ou não comece. Tente elaborar melhor a ideia antes de encarar novamente o branco do papel ou da tela do computador.
Bloqueio criativo é algo que todo mundo já teve, em algum momento. É bastante inconveniente quando se tem prazo de entrega. Fora isso, o bloqueio é o sinal de que está na hora de interromper a produção para momentos de ócio e descanso. A mente preocupada não consegue produzir. Em vez de ficar ansiosamente procurando uma resposta, simplesmente deixe de lado a pergunta. O cérebro continuará trabalhando, mas “em segundo plano”. É por isso que a mente descansada encontra as melhores respostas: porque o “primeiro plano” está se divertindo, enquanto o trabalho está sendo feito no “segundo plano”, quase a nível inconsciente. E o inconsciente, com seu presente perpétuo e o arquivo de sensações que muitas vezes nem se tornaram conscientes, é muito mais rico em experiências do que o consciente seletivo, organizador, rotulador e dominador.
Muitas vezes comecei uma história e não consegui prosseguir, e tive que abandonar minha boa idéia por causa de um bloqueio insolúvel. Era algo muito comum no início mas que se tornou raro quando eu passei a estruturar toda a história primeiro, com uma espécie de listagem dos principais eventos desde o início até o final. Dessa forma, o bloqueio, se houver, será apenas de palavras, mas não de idéias – e em geral eu não tenho bloqueio de palavras, porque gosto de usar as mais simples, da forma mais direta e descomplicada possível. Ultimamente, repasso todas as cenas mentalmente várias vezes, escolhendo as melhores falas, as palavras da narração, de forma que, ao pegar a caneta, minha dificuldade é conter a velocidade com que as palavras saltam para o papel. Eu troquei o trabalho braçal por trabalho mental. E estou livre dos bloqueios.
Ah, bloqueios na hora de criar? Sim, todo mundo tem. Mas eu não ligo para eles, não. Aprendi a testar possibilidades, avançar e recuar, fazer a mesma cena inúmeras vezes, alterando gestos e falas, até encontrar a melhor solução. Se uma cena não anda, passo para outra, volto para trás, vou mais para frente, troco a cena que está dando problema, mudo tudo. Não posso é parar a história – que eu já sei como vai caminhar e como vai terminar – por causa de um bloqueio inútil.
Oi Mônica,
Só hoje vi o post na comunidade. Adorei o texto.
Abraço,
Fernando.