Já estou passando da página 80 do meu novo romance. Está na hora de preparar a página 100, que, pelas características de tempo/espaço da história, será cor-de-rosa. Essa é uma das minhas manias, e virou uma diversão. Passei os três primeiros anos da minha carreira escrevendo textos curtos. Não que as histórias fossem contos; eu …
E SE A PERSONAGEM PRINCIPAL ESTIVER AUSENTE?
Essa pergunta pode soar estranha, afinal, uma personagem, para ser principal – protagonista – precisa estar presente na história para carregar a trama. Eu sei disso mas, mesmo assim, por três vezes, tentei escrever uma história em que o protagonista não aparecesse. A bem da verdade, ele aparece, ocupa seu lugar de personagem principal e …
Quando você acha que as mortes ultrapassam dos limites?
Tenho pensado muito sobre essa pergunta, que me foi feita pela jovem escritora Amanda, e a conclusão a que chego é sempre a mesma: nunca. As mortes na ficção nunca ultrapassam nenhum limite. Matar as personagens não é uma questão ética, mas ficcional, e a ficção segue leis próprias, que não se baseiam nos princípios do …
ESCREVER SOBRE A ROTINA
Muitos de meus romances provavelmente poderiam ser classificados como romance de ação, pois eu gosto de focar na sucessão de eventos relevantes. Eu estou sempre contando o momento da vida daquela personagem quando ela está decidindo o rumo de sua vida, tomando decisões, resolvendo conflitos com a sociedade e consigo mesma, superando todos os obstáculos …
EXÍLIO
Refletindo sobre O canhoto, percebi aspectos interessantes e recorrentes nas minhas histórias. Percebi que muitas vezes alguma personagem precisa enfrentar algum tipo de exílio, em geral injustamente, mas esse exílio é o afastamento necessário para o amadurecimento da personagem: sair de si para se encontrar. Ao enfrentar uma situação-limite, a personagem é afastada do mundo, …
ESCREVER ROMANCES DE CAVALARIA
Pode parecer sem propósito escrever romances de cavalaria (ou novelas, conforme o gosto) em pleno século XX e XXI. De fato, é um estilo de escrita com uma definição temporal bastante determinada, e talvez não fale mais para os leitores do nosso mundo atual. Mas como desprezar o desafio de criar personagens com certas características …
GRANDE E PEQUENO
Vou tentar explicar neste texto esse conceito meu de personagens de tipo grande-pequeno. Quando uma história acontece na minha cabeça, às vezes o protagonista não vem sozinho, mas com uma outra personagem, que é seu oposto e ao mesmo tempo seu complemento. Não formam um casal, mas um par. Podem ser irmãos, amigos, oponentes, e …
A FELICIDADE DAS PERSONAGENS
Em outro texto, falei dos meus finais: felizes, infelizes e trágicos, e suas várias nuances. Depois percebi que há ainda um outro tipo de detalhe que interfere na felicidade ou infelicidade das minhas personagens: se elas são felizes com o que querem; ou se deve lhes bastar o que têm; ou se, depois de todas …
26 ANOS
Ainda me lembro da primeira história que escrevi: “Uma noite na fazenda”. Eu era criança: devia ter uns 8 ou 10 anos. Foi um sonho que eu tive e quis escrever. É claro que ficou sem pé nem cabeça, mas tinha que começar de alguma forma. Escrevi como desenhava: por brincadeira. Semanas ou meses depois, …
REVOLTA E VINGANÇA
Minhas personagens em geral têm dificuldade de inserção social, e às vezes chegam a embates violentos contra instituições e práticas da sociedade. Mesmo quando se submetem às imposições, na verdade estão procurando meios de burlar ou vencer as instituições que cercearam o que se considerava um direito. Essa luta entre o que a personagem acredita …