Ação descendente é tudo o que acontece depois do clímax de um romance. É importante e necessária para amarrar todas as pontas que foram abertas durante a ação ascendente e para trazer o protagonista de volta a uma situação de repouso, como a que havia no início do romance. Afinal, a estrutura de um romance, em geral, é: estava assim (apresentação), aconteceu tudo isso (ação ascendente), resolveu (clímax), ficou assim (conclusão). A ação descendente é justamente a construção do “ficou assim”.
Bem, se é importante e necessária; se faz parte da estrutura do romance, qual é o problema? O problema é que, em geral, o ponto mais interessante do romance é o clímax, e toda preparação para se chegar ate ele. Passado o clímax, o romance meio que perde a razão de ser e o interesse – não só para o leitor mas também para o escritor. Então é um desafio para o escritor continuar interessado em contar a história de forma interessante para o leitor.
Uma maneira possível de manter esse interesse é criar micro-problemas que se solucionam em seguida e são ao mesmo tempo cenas de amarração de pontas. Foi o que eu fiz com De mãos dadas, que tem 132 páginas depois do clímax – uma longa ação descendente. Depois do clímax principal, fiz um clímax secundário e depois 30 páginas só para organizar de novo a vida de Toni e chegar à cena final. Se não crio outros pequenos conflitos, não ia conseguir chegar ao fim.