Alguém consegue imaginar um cirurgião – recém-formado que seja – declarando que gosta muito do que faz mas que não sabe usar muito bem um bisturi? Como confiar num dentista que comete grandes erros com a broca? Quem encomendaria a confecção de um armário a um marceneiro que se atrapalha para usar a serra? O mínimo que se espera de um profissional é que saiba utilizar suas ferramentas de trabalho. O bisturi é ferramenta do cirurgião; a broca é ferramenta do dentista; a serra é ferramenta do marceneiro. Da mesma forma, a língua é ferramenta do escritor. Como aceitar que escritores – iniciantes que sejam – não saibam usar muito bem o português? Ou que cometam grandes erros gramaticais? As editoras fazem revisão? Sim, mas os revisores devem corrigir os deslizes que passaram despercebidos. Não é função dos revisores reescrever frases inteiras, nem reestruturar o texto, para que faça sentido. Afinal, como fica a questão da autoria? Reescrever tem tanto valor quanto escrever. Ser escritor não é apenas inventar excelentes histórias; é principalmente trabalhar a linguagem para contar essas histórias. Quem inventa bem é inventor. Para ser escritor, é preciso escrever bem. A língua, as palavras, com sua sintaxe e semântica, são nossa ferramenta principal, a matéria prima com que construímos universos, reconstruímos épocas, e contamos as histórias de nossos protagonistas.
Dúvidas existem (sempre!) Deslizes acontecem. Ninguém consegue saber tudo, aplicar todas as regras corretamente todas as vezes. Para isso, existem os dicionários e gramáticas, e até os revisores das editoras. O trabalho de escrever, revisar, corrigir o texto tem que ser do escritor. Só a mãe (ou o pai) da criança conhece seu DNA, e deixará o texto como ele deve ser.
Então, caros colegas, vamos estudar a língua pátria, nosso amado português, para que saibamos fazer textos que, lapidados e polidos, brilhem como diamantes.