O maior de todos, que é a história com maior número de mortes, não tem nenhum funeral completo, apenas narrações simplificadas. Acho que a primeira cena de funeral com velório e enterro acontece em Construir a terra, conquistar a vida e, a partir de então, é mais comum eu detalhar o ritual – mas não é regra. E aí é interessante notar a diferença entre o funeral de uma personagem secundária ou terciária e o funeral de uma personagem protagonista – sim, tenho mais de uma história em que o protagonista morre no final e, em uma delas, o funeral é detalhado. Quando morre uma personagem secundária ou terciária, o morto fica lá, quietinho, sem outra função que ser lamentado (ou não) pelo protagonista. Mas, nessa história em que eu conto o funeral do protagonista, a personagem, embora “lá, quietinha”, continua sendo determinante das ações das outras personagens; continua, portanto, carregando a trama, embora sem falar nem se mexer. É aquele tipo de situação em que se fica com a impressão de que a pessoa a qualquer momento vai levantar dali e sair andando; que, se a gente olhar por bastante tempo, uma hora a pessoa vai se distrair e respirar. Chorei muito no funeral desse protagonista (que, é claro que eu não vou dizer quem é) e espero ter feito de forma que o leitor se emocione também. Certo, leitor, não precisa chorar, basta lamentar essa morte e já fico satisfeita.
FUNERAIS
Embora haja bastante mortes nas minhas histórias, não faço muitos funerais. Eu meio que simplifico dizendo simplesmente que tal pessoa foi enterrada, mas sem falar de caixão, velório, cemitério.