Quando se pergunta a um escritor que autores e obras o influenciaram, a resposta em geral fala dos autores imortais e das obras clássicas: Fiodor Dostoievsky, Émile Zola, Charles Dickens, Joaquim Maria Machado de Assim, Jane Austen, Leon Tolstoi, Jorge Amado, Stendhal, Gustave Flaubert, Alexandre Dumas, entre tantos outros medalhões que são exemplo de como se escrever bem. Eu tenho alguns desses na minha lista também mas tenho que reconhecer que sou muito influenciada, especialmente em termos de caracterização das personagens e construção da dramaticidade das cenas, por uma obra que não é exatamente literária, mas televisiva: Jornada nas Estrelas – a série clássica, estrelada por atores que, infelizmente vêm nos deixando, um por um. Jornada nas Estrelas declaradamente buscou muitas de suas referências na obra de Shakespeare, então ouso dizer que, indiretamente, Shakespeare é uma influência importante na minha obra. E então eu me lembro do curto encontro que tive com o escritor e acadêmico Antônio Olinto, quando mostrei a ele Construir a terra, conquistar a vida. Numa olhada rápida, ele identificou a quantidade de diálogos existentes no texto e disse algo que ficou marcado na minha memória: “o grande mestre dos diálogos é Shakespeare”. Conheço Shakespeare apenas de filmes, peças e óperas, ainda não li nenhum dos textos dele. Mas fico pensando: meus diálogos (a quantidade e o uso que faço deles) serão influência de Shakespeare, recebida pelos filmes sobre as obras dele e também por Jornada nas Estrelas? Se a resposta for “não”, permanece a questão de de onde eu tiro tantos diálogos. E, se a resposta for “sim”, fico honrada de beber de uma fonte tão rica e valiosa.
escritora