Capítulo I
Não me interessa aqui contar como foi o nascimento e as infâncias do herói, dizer de sua estirpe e o valor de seu pai. Por isso, esta história começa, não com os bravos feitos cavaleirosos de seus antepassados, mas com o dia em que ele foi armado cavaleiro.
Eram tempos de se viver aventuras. Um dia, um homem a cavalo chegou a Camelot, onde estava o Rei Artur. Seu cavalo não estava ajaezado à maneira daquele lugar e todos puderam ver que ele era um estrangeiro. Não usava armadura mas era largo de ombros e de porte nobre e elegante. O estranho entrou no castelo e chegou aonde estava o Rei Artur.
– Estou diante de Artur, o Rei dentre os reis?
– Sim, eu sou Artur. Vindes em paz ou em guerra?
– Venho em paz, para pedir-vos uma graça.
– Pois pedi e eu concederei, se for justa.
– Quero ser cavaleiro por vossas mãos.
– Quem sois e daonde vindes?
– Sou Haliwain e meu pai é o Duque de Nova Gália. Vossa fama corre o mundo, tanto que até do outro lado do mar conhecemos vosso nome. Como desejo ser cavaleiro de valor, não posso receber as armas de outro que não do Rei Artur.
– Lisongeia-me vossa preferência. Pareceis um jovem valente. Eu vos farei cavaleiro e, mais que isso, oferecerei um torneio: quero saber de vossa destreza com as armas.
E assim foi: alguns dias depois, Haliwain foi sagrado cavaleiro e pôde participar do torneio, quando praticou muitos feitos d’armas. Artur não se arrependeu por tê-lo feito cavaleiro depois que viu tudo de que o jovem era capaz.