Curiosidade

TEXTOS NOVOS, IDEIAS VELHAS

Nos últimos seis anos, tenho tido poucas ideias novas para escrever histórias. O que tenho feito é retrabalhar ideias antigas e escrevê-las (ou não). Alguns textos são sobre ideias que já foram escritas em algum momento (À procura, O canhoto, Não é cor-de-rosa); outros, sobre ideias que ainda não tinham tido um bom desenvolvimento (De mãos dadas) e que, por isso, ainda não tinham virado texto. Quando a ideia é boa e eu consigo dar corpo e consistência a ela, torna-se um texto bom (O canhotoNão é cor-de-rosa, é cedo para falar de De mãos dadas) mas, quando falta a consistência, mesmo a ideia sendo boa, o texto não se sustenta (À procura). [Editado: O canhoto, Não é cor-de-rosa e À procura foram descartadas; De mãos dadas permanece na fila para publicação.]

É interessante pensar que estou retomando ideias de vinte, vinte e cinco anos atrás para escrever, por falta de ideias novas. Às vezes a impressão que tenho é de que tive um boom criador no início da carreira e esse momento passou. Talvez eu já tenha inventado tudo o que podia; talvez eu tenha tido todas as ideias logo no começo e não tenha me restado mais nenhuma. Fica aquela sensação de “será que minha capacidade para ter ideias acabou? E se eu nunca mais tiver uma ideia nova? Como vou continuar escrevendo se não consigo mais ter ideias para novas histórias?” Às vezes penso em entrar em crise por causa disso, mas há tanta coisa interessante ainda por aproveitar que acho que vou deixar para me desesperar mais pra frente, quando as boas ideias já tidas acabarem, e eu não tiver mais nenhuma boa ideia nova. Isso deve levar ainda uns bons anos afinal, se apenas 10% de todas as 309 ideias que registrei na minha tabela forem boas o bastante para se tornarem texto, e considerando que já escrevi apenas vinte bons textos (sobreviventes), ainda me restam onze ideias para trabalhar, desenvolver e escrever. Como ultimamente tenho levado mais de um ano para escrever cada história, tenho “combustível” para quase vinte anos de trabalho. E a verdade é que não faz diferença se tive a ideia da trama há um mês ou há vinte anos: o “filho” é meu do mesmo jeito.